quinta-feira, novembro 30, 2006

Paranoia__by_niGHTpiSces in www.deviantart.com

Estilhaços. Areia e fogo fátuo e incerto da vitória sobre a têmpera e a vontade natural das máquinas de fazer sonhos e algodão doce à força industrial do artifício da escolha múltipla personalidade do vidro colorido em vão de escada rolante de acesso de raiva fútil e oportuno de interesse pelo movimento vítreo e incandescente no interior da bola de cristal.
Un_Decided_by_gilad in www.deviantart.com
Sei de fonte segura e ensimesmada no espaço-tempo de um pé de dança e um jogo de separação das águas duras de roer de inveja as entranhas da razão de ser absurda que precedeu à observação dos factos e das hipóteses descontraídas pressurizadas na cápsula espacialmente circunscrita à tua memória.
Sei de fonte segura que amanhã vão chover promessas"!"!"!"!
Follow_your_heart_by_gilad in www.deviantart.com


A cada passo uma descoberta no lado esquerdo do coração que bate mais depressa que o mecanismo do tempo encrustado nas pedras da calçada da minha vida inerte e inútil peso morto na esquina da rua perpendicular ao beco sem saída [síncope]---/\/\/\procuro nos intervalos da linha contínua do plano transversal do mundo feito por encomenda e com a devida antecedência da morte suspeita de
lançar a primeira pedra de sal na terra onde as maçãs caiem do céu e onde as lágrimas configuram o labirinto das sombras do desejo
de te segredar entre os lábios:
Adoro-te

terça-feira, novembro 28, 2006

Skulona_lola__by_HealYourself in www.deviantart.com

Ensina-me a ler e a escrever e os números também.
Repreende-me por usar demasiado a borracha, pois devo pensar bem antes de fazer as coisas. Na vida, não há borracha que apague os erros e as agruras.
Deixa-me ver o que tens nos bolsos. Tesouros.
Leva-me contigo.
Fala-me das leis da natureza e dos bichos, dos modos das gentes, da tua infância.
Conta-me histórias, antes de dormirmos a sesta.
Leva-me a passear. Fala comigo. Brinca comigo.
Não, não quero que me ensines o que é a dor. Eu já sei onde é o mar.
É onde desaguam as minhas lágrimas.
É por isso que é salgado. Não é Avô?


Há vários meses que observo
a tua janela.
Se a confrontasse,
contemplaria o teu reflexo solitário.
Visitas discretas, tivemos
pequenos instantes, vagos.
Uma tarde... vi-te uma tarde.
Ontem, perseguida pelo espectro
do tempo, parei... vi
o movimento... o pensamento.
Fez-se silêncio.
Uma manhã, eu vi
a tua camisola vermelha.



at_the_window in www.deviantart.com

segunda-feira, novembro 27, 2006

Madrugada de domingo...com a nova aurora surge a vontade súbita de revisitar palavras que me perfuram a consciência e me fazem voar... Sim, partilhámos o mesmo sonho e a mesma vontade, a de ser livres...O sonho transformou-se em vida, plena, onde todos os segundos foram vividos como se fossem os últimos. Agora, na morte serás pleno e eterno na minha memória e na de todos os que compartilharam o teu vôo... Adeus.



you are welcome to elsinore



Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício
Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição
Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenor
E há palavras nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o
amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmo só amor só solidão desfeita
Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar
Mário Cesariny de Vasconcelos

sábado, novembro 18, 2006

Damaged_by_Factor___ in www.deviantart.com
(Surgiste entre parênteses)
Aparte de tudo o que estava previsto e calculado metricamente, segundo as leis da matemática.
A tua presença encurralou-me. Arquitectei engenhosamente um plano de fuga, ao convergir a razão e a emoção, sem me aperceber que ao fazê-lo provocava em mim a sensação de profundidade espacial e o afastamento de mim própria.
)Caí(

sexta-feira, novembro 17, 2006

Red_way__by_BellZ in www.deviantart.com

A angúStia impregna as palavras, daí o sabor amargo da despedida. A felicidade é fugaz e provoca um torpor temporário, facilmente esquecido quando a tristeza nos abala ao confrontarmo-nos com o fim. Um abraço, um beijo, ou apenas um olhar tímido e desconsolado para com os desconhecidos que gostaríamos de rever, é suficiente para dizer "até para o ano!".No entanto, aquilo que sentimos é o fim peremptório. Talvez seja um pouco arrogante dizer que é difícil entendê-lo pAra quem nunca esteve LÁ, mas a verdade do que sentimos é de tal forma incontornável e profunda que só me resta dizer" lamento não teres estado e peço desculpa por não conseguires entender o que sinto".

terça-feira, novembro 14, 2006

stranger_by_ElectronCloud in www.deviantart.com

De fugir, saltou-lhe a tampa. Agora os ponteiros e os números espalharam-se ao longo do corredor. Parou para recuperar o fôlego e as memórias perdidas. Já não conseguia distinguir-se do tempo que o atravessava a frio e lhe congelava a alma.
Fechou os olhos e esperou que o acordassem. Mas ninguém lhe disse que ao esquecer-se de nós, o mundo morria com ele.
Just_Write__by_Factor___ in www.deviantart.com
...NÃO GOSTO DE rir depois de chorar não gosto de comer sentada com as mãos escrevo mal por linhas tortas e empenadas pelo tempo que ocupa lugar onde não havia espaço entre os ramos da casa da árvore subo a escada que desce até à berma da estrada de tijolos amarelos de raiva soluçam por entre as mechas do meu cabelo de prantos encardidos pelo uso indevido e discreto de segredos escondidos no fundo da caixa de Pandora que perdeu tudo menos a esperança de TE VER MORRER AOS BOCADINHOS...