Madrugada de domingo...com a nova aurora surge a vontade súbita de revisitar palavras que me perfuram a consciência e me fazem voar... Sim, partilhámos o mesmo sonho e a mesma vontade, a de ser livres...O sonho transformou-se em vida, plena, onde todos os segundos foram vividos como se fossem os últimos. Agora, na morte serás pleno e eterno na minha memória e na de todos os que compartilharam o teu vôo... Adeus.
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Entre nós e as palavras há metal fundenteentre nós e as palavras há hélices que andame podem dar-nos morte violar-nos tirardo mais fundo de nós o mais útil segredoentre nós e as palavras há perfis ardentesespaços cheios de gente de costasaltas flores venenosas portas por abrire escadas e ponteiros e crianças sentadasà espera do seu tempo e do seu precipícioAo longo da muralha que habitamoshá palavras de vida há palavras de mortehá palavras imensas, que esperam por nóse outras, frágeis, que deixaram de esperarhá palavras acesas como barcose há palavras homens, palavras que guardamo seu segredo e a sua posiçãoEntre nós e as palavras, surdamente,as mãos e as paredes de ElsenorE há palavras nocturnas palavras gemidospalavras que nos sobem ilegíveis à bocapalavras diamantes palavras nunca escritaspalavras impossíveis de escreverpor não termos connosco cordas de violinosnem todo o sangue do mundo nem todo oamplexo do are os braços dos amantes escrevem muito altomuito além do azul onde oxidados morrempalavras maternais só sombra só soluçosó espasmo só amor só solidão desfeitaEntre nós e as palavras, os emparedadose entre nós e as palavras, o nosso dever falarMário Cesariny de Vasconcelos
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